05 agosto, 2010

"Bicha Oca, baseado nos contos homoeróticos de Marcelino Freire, que discute a sexualidade a partir de textos literários. Em cena, um homossexual retrógrado e solitário questiona os hábitos atuais dos gays e a importância de manifestações da militância LGBT. O título da peça não é meramente ilustrativo, num trecho do conto a personagem diz: “Bicha devia nascer sem coração. É, devia. Oca. (...) Bicha devia nascer vazia”. O que corrobora com a visão de esvaziamento das relações, a fugacidade dos encontros e a necessidade – inevitável – da busca por um parceiro".



Reflexões inúmeras me acorreram ao assistir e lembrar a peça. Talvez a mais marcante seja: “Será que me tornarei bicha oca”? O espetáculo traz consigo uma carga emocional que te transporta para dentro de si, para suas ações e sentimentos, até os mais exclusos e reclusos. Torna você espectador de sua trajetória, na qual se vê semelhante ou num lugar extremamente diferente onde seu Alceu se encontra.
As memórias de seu Alceu te agridem, te cercam de uma indubitável força venérea que te corrompe, fazendo com que não saia o mesmo, a impressão é que o espectador do início da peça fica sentado na cadeira, enquanto o renovado espetacdor-admirador do trabalho se vai ao término. Se deixando levar pela aura que se dispõe.
Durante toda a peça é possível imaginar-se vivendo as histórias de Alceu, se imaginar flertando, imaginar-se amando, desejando algo incerto e inesperado.
As críticas às movimentações atuais da causa LGBT vem em forma de revolta, de maneira controversa. Ele alega a defesa do romantismo, ‘naquela época havia mais romantismo’ agora está tudo aberto e permissível (ideia da personagem).
Num final surpreendente surge alguém para dividir o ovo, a mesa e a vida, ele, o menino – mais parece uma alucinação provocada pelo desejo e imaginação de seu Alceu. Mostrando-se como uma visão magistral, vestido apenas com seus cachos e palavras doces e firmes o menino consola seu Alceu. Em seus cachos e palavras o menino traz o conforto da ideia de que depois da dor há o amor, um bálsamo à espera na relva amanhecida. Quem dedicar os melhores pensamentos, as inquietantes angústias da vida cotidiana e as profundas carícias.
Bicha Oca é para se assistir, vazio, livre de pudores e se permitindo levar pela ideia central da peça e por algumas reflexões das personagens.

Um comentário:

  1. Carissimo, obrigado pelas suas palavras. Depois vou colocar no blog da peça. E apareça para rever, se quiser: 23 e 24 Gamboa e 25 e 26 Sesi Rio Vermelho. Abs

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