A adoção de crianças por casais gays já é de muito tempo debatida e problematizada. Quer dizer, a adoção em si no Brasil já é conturbada, mas isso não vem ao caso.
No aconchego do meu lar e no prazer do meu café noturno, incorro no erro de assistir o Programa do Ratinho no Sistema Brasileiro de televisão (vulgo SBT). Quando penso que não, antes até de tomar a primeira golada do chocolate quente e tirar o primeiro pedaço do pão, ouço o apresentador Massa anunciar uma enquete e o tema de um debate que aconteceria em seu programa em tom jocoso e tendencioso: "Você é contra ou a favor da adoção de crianças por casais homossexuais?". Isso já me fez remexer na cadeira e engolir em seco o pedaço do pão. Para debater tal questão ele (o "Massa") chama ao palco uma promotora e um casal de homossexuais masculinos. Antes de iniciar a "conversa-discussão", é apresentado o caso de duas mulheres que adotaram duas meninas no Rio Grande do Sul. Até aí menos mal, a discussão caminha sofregamente assim como o meu café. Entretanto, quando essa promotora começa a expor seu posicionamento notadamente hipócrita de que não era contra a união estável homossexual, era a favor da adoção e respeitava os homossexuais, MAS que tinha um pequeno detalhe nessa adoção, o casal de homossexuais revolveu-se na poltrona e esperaram afoitos o continuar do comentário dissimulado e pautado no fundamentalismo cego de que Família se constitui apenas com um HOMEM e uma MULHER. Ela dizia que o preço pago pela criança por ter dois pais ou duas mães era muito alto, falou também do constrangimento na escola e perante a sociedade em dizer quem são seus pais ou suas mães e fora o "egoísmo" de duas pessoas do mesmo sexo resgistrarem com seus nomes uma só criança, para ela isso era lastimável. O casal gay perante essa situação assume uma posição ofensiva (que lhes é justo) em lutar e acreditar em seus direitos citando da Constituição Brasileira os parágrafos terceiro e quinto que dizem, respectivamente, que todos são iguais perante a lei e devem ser julgados sem preconceitos de origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras formas de discriminação. Em meio a essas afirmações ouve-se da platéia gritos e aplausos que se confundem entre sendo a favor ou contra a adoção de crianças por casais homossexuais, ora era quando a promotora falava, ora quando o casal gay se pronunciava ou ainda quando o bobo do circo apresentador (ops! o Carlos Massa) fazia algum comentário idiota e preconceituoso. Ao terminar meu café, antes mesmo de se encerrar a discussão fadada ao erro, saio da cozinha desligando a televisão. Resumindo a situação (até onde vi), houve claras demonstrações de ignorância, preconceito e burrice ante as questões homoafetivas. Vale ressaltar, a promotora dizia não ser HOMOFÓBICAAA!
Twee Vaders, Dois Pais, Two Fathers
Cada um diz o que quer, não é?
ResponderExcluirEla é, no mínimo, sem senso por ir a tv falar de coisas que envolvem sentimentos que nunca lei qualquer vai descrever. Deixa o mundo seguir.
Afinal, se houver algum prejuízo, o que seria mais danoso para uma criança: a condenação do abandono em abrigos públicos, onde se vive tortuosa espera por um lar, ou ter que lidar com a sociedade sobre ter pais do mesmo sexo?
Fica a interrogação.
Abraço grande.
Belo post.
Excelente assunto.
Obrigado, Angelo, pela leitura!
ResponderExcluirÉ isso, ainda persiste uma grande má vontade em se tratar questões homoafetivas talvez ligadas as fundamentalizações religiosas, (i) morais, hipócritas... Sei lá quantas mais explicações. Porém a "passagem dos homossexuais das margens da sociedade para o seu centro ainda não se completou, mas se testemunhou um rápido progresso nos últimos anos” (Giddens).